quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Um poema neoclássico

Caramuru – Frei José de Santa Rita Durão

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E nesta fé,  Esposa em Deus querida,
Guardar-te hoje prometo em laço eterno,
Até banhar-te n’água prometida,
Por cândida afeição de amor fraterno:
Amor, que sobreviva à própria vida;
Amor, que preso em laço sempiterno,
Arda depois da morte em maior chama;
Que assim trata de amor, quem por Deus ama. (Diogo a Paraguaçu)

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Vi, não sei s’era impulso imaginário,
Um globo de diamante claro e imenso;
E nos seus fundos figurar-se, vário
Um País opulento, rico e extenso:
E aplicando o cuidado necessário,
Em nada do meu próprio o diferenço;
Era o áureo Brasil tão vasto e fundo,
Que parecia no diamante um Mundo. (Paraguaçu, descrevendo uma visão)

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Pôs-lhe os olhos a Dama; e transportada:
Esta é (disse) é esta a grã-Senhora,
Que vi no doce sonho arrebatada,
Mais que o Sol pura, mais gentil que a aurora:
Eis aqui! esta é a Imagem venerada:
Este era aquele arroubo: entendo agora:
Oh minha grande sorte! Oh imensa dita!
Isto me quis dizer a Mãe bendita (Paraguaçu-Catarina, pelo batismo, ao ver a imagem de Maria)
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São desta espécie os Operários santos,
Que com fadiga dura, intenção reta,
Padecem pela Fé trabalhos tantos;
O Nóbrega famoso, o claro Anchieta:
Por meio de perigos e de espantos,
Sem temer do Gentio a cruel seta,
Todo o vasto Sertão têm penetrado,
E a Fé, com mil trabalhos, propagado. (O poeta, reconhecendo a dedicação dos padres jesuítas)