quinta-feira, 13 de junho de 2013

Literatura Barroca



Prosa
Na prosa o grande expoente é o Padre Antônio Vieira, com os seus sermões, dos quais é notável o Sermão da Quaresma, onde defendia os nativos da escravidão. No mesmo tom é o Sermão 14 do Rosário, condenando a escravidão dos africanos, comparado-a ao calvário de Cristo. Outras peças importantes de sua oratória são o Sermão de Santo Antônio aos Peixes, o Sermão do Mandato, mas talvez a mais célebre seja o Sermão da sexagésima, de 1655. Nele defende os índios, por meio de hábil encadeamento de imagens evocativas. Sua escrita era animada pelo anseio de estabelecer zelo cívico e justiça, mas sua voz foi interpretada como uma ameaça à ordem estabelecida, o que lhe trouxe problemas políticos e atraiu sobre si a suspeita de heresia. Defendendo os cristãos-novos foi preso por dois anos, além de cassado o direito à expressão pública de suas ideias. Banido para o Brasil, encontrou a oposição dos colonos lusos, a quem desagradava que falasse pelos índios.[39] Seu estilo pode ser sentido neste fragmento:

"O trigo semeado pelo pregador evangélico, diz Cristo que é a palavra de Deus. Os espinhos, as pedras, o caminho e a terra boa em que o trigo caiu, são os diversos corações dos homens. Os espinhos são os corações embaraçados com cuidados, com riquezas, com delícias; e nestes afoga-se a palavra de Deus. As pedras são os corações duros e obstinados; e nestes seca-se a palavra de Deus, e se nasce, não cria raízes. Os caminhos são os corações inquietos e perturbados com a passagem e tropel das coisas do Mundo, umas que vão, outras que vêm, outras que atravessam, e todas passam; e nestes é pisada a palavra de Deus, porque a desatendem ou a desprezam. Finalmente, a terra boa são os corações bons ou os homens de bom coração; e nestes se prende e frutifica a palavra divina, com tanta fecundidade e abundância, que se colhe cento por um:

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